Histórias no Mandela: Preconceitos

Preconceitos

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é um movimento forte no Brasil, porém, ainda pouco conhecido e divulgado. Muitas pessoas não conhecem sua história e seus reais objetivos, considerando-os baderneiros, relacionando-os com o termo “violência” e confundindo-os com o Movimento dos Sem Teto, que possui uma filosofia totalmente diferente.

Em 2008, segundo a Revista Espaço Acadêmica, o IBOPE realizou uma pesquisa de opinião sobre a imagem do MST em algumas regiões do país. Nessa análise, foi constatado que para os residentes das capitais do país, os próprias líderes e participantes deste movimento são os maiores beneficiados de suas ações. Já no interior, acredita-se que os maiores beneficiados são os pobres. Além disso, como é possível encontrar na revista de nº 86 (julho de 2008), “seis em cada dez moradores das Regiões Metropolitanas acreditam que esse tipo de movimento social no Brasil está se aproximando da criminalidade. Essa percepção é mais forte em Porto Alegre, Belo Horizonte e Distrito Federal, além de crescer com a escolaridade”.

Para o morador do acampamento e coordenador de Esportes e Cultura do MST, Reinaldo Pereira da Silva, 30% da população ainda possui preconceitos com o movimento, mas Edmeia Silva dos Santos – professora formada em Pedagogia e Letras - afirma que em São Paulo a porcentagem é maior: “não falo de Ártemis, mas em São Paulo 90% ainda vê o MST como baderneiro. E aonde você vai, se você fala que é MST, o povo já pensa que vai invadir e não ocupar, invadir casa, pegar carro. Eles não têm noção do que é esse movimento, eles só acompanham o que as grandes mídias compartilham e não param pra conversar com a gente ou fazer uma entrevista”.

A ideologia do MST é sempre a mesma, afirma a moradora Edmeia. Luta por terra, moradia, saúde, educação, melhores salários, segurança e o plantio sem agrotóxico. “Nós queremos comer mais gostoso. E comer mais gostoso é o seguinte: você chega lá na cidade e vai comer um tomate, ele não passa mais do que três ou quatro dias e já apodrece, porque é tudo agrotóxico (...) A gente come química, é tudo coisa envenenado”, conta Reinaldo.

Segundo o Jornal Observatório de Imprensa, em 2009 o IBOPE realizou outra pesquisa sobre a imagem do MST. Desta vez, foi apresentado dados de que apenas 20% dos entrevistados afirmaram conhecer bem este movimento, e o grande destaque foi de que 60% dos brasileiros desaprovam totalmente o MST.

Para os moradores mais antigos, a vida no acampamento é sofrida e muitos não possuem a paciência necessária para continuar nessa luta. “Muitas pessoas vem morar no acampamento pensando que vão conseguir a terra de um dia pro outro e não sabem que a gente tem uma etapa de muita luta pela frente. O processo é longo e a nossa caminhada também”, conta Kelvim Nicolas Soares Barbosa Nascimento, coordenador da Juventude do MST.

Mariana Villiotti Vale


 

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